sábado, 7 de junho de 2008

Apenas uma história...

Era um domingo ensolarado, minha mãe disse que iria ao mercado com meu pai, então ficaríamos (eu e meu irmão) na casa da minha avó, nada contra ela, mas eu realmente queria ir ao mercado com eles.
Minha vó morava perto, era só atravessar a avenida, mas e dai? Eu queria mesmo era sair com eles, mas como criança tem que obedecer e nada mais fomos para casa da vó.
Passaram minutos e chegaram meus tios e minha prima para buscar minha avó para um passeio, eles queriam levá-la para casa de uma amiga que ela não via há muitos anos, só que essa amiga morava no interior, logo isso seria uma viagem. Então minha vó ficou no dilema de ir ou não ir já que estava cuidando dos netos, e naquela época não tinha celular, mas como perder uma oportunidade dessas não é?!?! Por fim decidiu que iria e que levaria os netos junto, então pediu para a moça que morava com ela, que avisa-se meus pais da nossa breve viagem.
Lá fomos nós... me diverti muito nesse dia, corri, brinquei, comi... o dia estava lindo. Logo escureceu e decidiram ir embora, despedidas, promessas de voltar e pé na estrada.
Ao entrar no carro já fui logo dormindo, deitei no colo da minha vó e coloquei as pernas na minha prima, meu irmão, que tinha três anos, foi na frente no colo da minha tia.
Em certo ponto da viagem eu acordei em um posto de gasolina, somente levantei a cabeça e falei: “tia compra um salgadinho?” ela rapidamente disse: “não” e eu voltei a dormir...
FIM da viagem!!
Fui acordando aos poucos e ouvia minha mãe chorando, quando abri os olhos eu não estava no carro e nem na minha casa... pensei: “onde estou?” olhei para cima e vi meus pais chorando muito... olhei para os lados e vi em uma sala, vários pés... nossa que estranho... ai olhei para minha mãe e chorando disse: “não quero tomar injeção”.
Não estava entendendo nada, só sei que nesse momento me levaram para uma sala e eu chorando feito louca achando que ia tomar injeção, “tudo menos injeção”, mas eles só ficaram tirando raio-X do meu corpo todo. Quando voltei perguntei por todos, e ai descobri que aqueles pés eram da minha vó, irmão, prima... estavam todos bem, principalmente meus tios que nada sofreram.
Enfim o que aconteceu? Dizem que depois que saímos daquele posto, meu tio foi fazer uma ultrapassagem, e no sentido contrário veio um caminhão, então para não bater de frente com o caminhão ele jogo o carro fora da pista, e com isso capotamos três vezes... cada um foi parar em um canto, mas eu fui à única que “decidi” ficar dentro do carro... todos foram gritando pela mata e logo se acharam meu irmão só chorava e minha vó gritava: “cadê a chupeta dele?” ta bom todos juntos, menos... ops cadê a Tati? E nada de achar, até que apalpando perto do carro sentiram meu cabelo entre o carro e o mato. Não puderam fazer nada até chegar o resgate... eu estava sendo salva pela porta do carro que não fechou e estava sustentando o carro, senão o carro me esmagaria. Cheguei no hospital com o rosto todo picado e vermelho, porque para ajudar fiquei de cara para o mato, ai deu uma alergia danada. Fiquei internada um pouco mais de uma semana, meu irmão quebrou o pé, minha prima teve luxação na perna, minha avó ficou semanas internada e fez muitas cirurgias na perna (tem cicatrizes até hoje).
No dia de ir embora uma enfermeira teve a infeliz idéia de me levar para dar uma volta no hospital, eu não queria ir, mas novamente insistiram muito, lá fomos nós... essa mulher começou a andar, e andar e não parecia ter fim aquele hospital (afinal eu era uma criança de nove anos onde tudo parece ser grande demais), chegou uma hora em que fiquei parada no corredor e quando ela deu conta eu estava parada e chorando muito, ela veio e perguntou o que tinha acontecido, e eu disse: “minha mãe vai me deixar aqui...” ela sorriu e me levou na hora de volta para minha mãe. Consigo lembrar da minha angústia de pensar que minha mãe pudesse me esquecer lá... que sentimento horrível.
No carro eu fui toda “forrada” de travesseiros, e a cada brecada eu arregalava os olhos... estava apavorada. Afinal tomei muitas injeções e não queria passar por aquilo de novo.
Acho que fiquei mais de um mês sem ir para escola, e lá uns achavam que eu tinha morrido, outros que eu tinha perdido braço, outros a perna, e assim vai... é mas não morri nem perdi nada, e todos se assustaram ao me ver na “perua” do tio Julio indo para aula. Fui com uma tala enorme no pescoço e acabei sendo o centro das atenções, é até que foi legal.

Bom mas porque estou contando tudo isso... é que ontem fiquei lembrando que naquela época eu achava que “nunca mais” nada de ruim aconteceria comigo, já que sofri um acidente de carro tão sério, então “nunca mais” sofreria nenhum acidente, que agora eu estava imune de qualquer coisa. Comecei a rir ao lembrar disso...
O mais engraçado de tudo é a contradição... porque depois disso e até hoje eu “nunca mais” dormi no banco de trás, deitar então... nem pensar! Acreditava (talvez acredite ainda) que fiquei embaixo do carro porque estava deitada no banco de trás. Então para que arriscar, na dúvida ficar sentada é a melhor opção, porque “hoje” sei que qualquer coisa ainda pode me acontecer.

...

Um comentário:

Bruno Bortoleto disse...

como assim ? voce nao usou nem sequer uma linha pra contar o que aconteceu comigo ¬¬
quase morri sabia ? eu fui jogado do carro e fiquei... bom, vou contar minha versao dos fatos um dia u.u
ps. amei a conclusao do texto
beijos